sábado, 9 de janeiro de 2010

Leituras Fundamentais

Já há alguns anos desenvolvi o hábito de ler no banheiro. Por mais rápido que o serviço seja não consigo ficar ali sem ler alguma coisa. Às vezes é uma bula de remédio, outras os ingredientes de shampoo, sabonete, perfumes, esmaltes e coisas que se encontram em banheiros com alguma coisa escrita. Ultimamente tenho deixado um livro no banheiro para não ter que recorrer a essas leituras esdrúxulas.
O que nunca tinha me ocorrido é que há coisas que parecem ser escritas justamente para esses momentos. Apesar dos meios de comunicação exercerem sobre mim um fascínio incrível, nunca tinha me atentado para o fato de existirem produções específicas para certas situações. Há revistas e livros que são ótimas distrações.
Por exemplo, quando você vai ao consultório médico, é normal encontrar revistas como a caras, a veja, a época e outras do tipo. Elas não estão ali para nos enriquecer de alguma forma, não! O propósito delas é distrair-nos enquanto esperamos ser chamados. Dependo do lugar serve até como estímulo. Quem tem medo de dentista, quando vai ao consultório, deveria somente “ler” a caras. Todos aqueles sorrisos perfeitos, muito brancos e alinhados, aquelas senhoras com noventa anos e um sorriso impecável, só pode servir como exemplo daquilo que você está fazendo lá.
Quando você consulta um advogado por causa da sua ex-mulher, que está pedindo uma pensão exorbitante, seria de bom tom ler a época, a veja ou a istoé. Você vai ver que há uns fazendeiros, pobres coitados, que tiveram a fazenda invadida por inescrupulosos sem-terra, que acabaram com infindáveis hectares de eucalipto, laranja ou soja. Alguns hectares eram até fruto de grilagem, mas eram produtivos, ora! E afinal, quem é o latifundiário que nunca grilou um hectarezinho?! Aí você “vê” que a sua situação não é tão má, até porque o latifundiário não tem quem processar, pois os furiosos sem-terra não são uma entidade jurídica.
Porém, não são só as revistas que têm sua produção voltada para ocasiões específicas, há alguns livros com esta finalidade. Se você está fudido, sem grana, sem emprego e perspectiva é bom ler “O Segredo”. Mesmo que não mude em nada a sua penúria, vai dar-lhe uma postura em relação ao mundo inteiramente nova, você vai encarar a miséria de maneira positiva, talvez até consiga um bolsa família.
Agora, a revista que me levou a pensar nesta baboseira toda ainda nem foi citada. Ela serve pra você que tem uma banda, que acha que ela jamais fará sucesso, que durante um ensaio de duas horas não se consegue acertar mais que duas músicas inteiras. Tem uma publicação que vai te estimular, mais que isso, vai te mostrar que tudo é possível e, certamente, ela está disponível no estúdio. Quando você estiver bem puto e sem tesão, diga aos seus companheiros que vai ao banheiro, pegue a rolling stone e leia-a dando uma boa cagada, pois é pra isso que ela serve!

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