terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Paz e o Preconceito

Adoro festinhas! Principalmente quando você tem a oportunidade de conhecer e conversar com pessoas novas, e quem sabe algo mais. Estes dias estava eu num desses encontros sociais regado a pessoas de diferentes origens, com grupos de amigos diferentes, enfim, uma grande zona. Contudo foi bem legal. Apesar de haver de hippies a patricinhas, de gays a machistas, de anarquistas a psdbistas, saltos altos e rasteirinhas, chinelos e all stars, todos se comunicavam na mais perfeita paz.

Problema, é que quando a paz reina entre pessoas tão diferentes, a linha que a mantém torna-se bastante tênue. Uma atitude que contradiga o estilo de vida da outra ou uma frase mal colocada pode acabar com toda essa paz. Você não pode simplesmente falar mal de saltos plataforma, de como acha estúpido pagarem oitocentos reais num vestido (que no fim das contas é um pedaço de pano costurado), não pode falar mal de maconheiro, política então, é o assunto a ser evitado.

Mas eu como bom bêbado, sem noção e ácido como ninguém, tinha que perturbar toda essa serenidade. Estava conversando com um rapaz, amigo de uma amiga minha, que por acaso é gay. Até aí problema algum, porque já o conhecia de antemão e ele sempre pareceu um cara gente fina. É um pouquinho afetado, mas conheço héteros muito piores e isso nunca foi um problema.

A questão é que não é necessário ser gay para ser afetado, fato! Esses adjetivos que por longa data se usaram para caracterizar e, principalmente, diminuir os gays, não se aplicam mais apenas aos homossexuais. Acredito até que há muitos héteros bem mais mal resolvidos que homos. Afinal, o homossexual já tem a sua sexualidade mais ou menos resolvida, suas premissas e tudo mais. Já o hétero, principalmente dos nossos dias, não é tão seguro de si, pois não tem aquela sociedade que o apóia irrestritamente. Olha que eu conheço uma pá (talvez até um carrinho de mão) deles!

Portanto, o que se passou foi uma mudança no significado de algumas palavras, oriunda de uma mudança mais profunda da nossa própria sociedade. Precisa ser um Diogo Mainardi para não perceber. Mas o rapaz com quem eu falava, certamente, era de uma safra meio assim, coisa que eu não tinha percebido até então. Estávamos nós conversando sobre alguém, que devido ao álcool eu não vou lembrar, que possuía uma visão de mundo meio restrita e afetadinha. Daí eu disparei, “Mas esse cara é um viadinho!!”, querendo dizer que ele era meio recalcado e coisa assim.

Obviamente levei um fora daqueles, com direito a um olhar de nojo que me deixou do tamanho de uma pulga. Logo depois pensei, eu bem que podia nem ter parado para conversar com esse cara, podia ser preconceituoso, achar que homossexualidade é uma doença e coisas mais bizonhas do gênero, mas eu não consigo. Só ficou aquela vontade de ser machista ao extremo, de nunca ter tido, na infância e adolescência, aquelas conversas com a Lu sobre sexualidade. É... pelo menos descobri que o preconceito não está nas palavras, está nas pessoas.

2 comentários:

Anônimo disse...

0 assunto é ótimo, mas o escrita está boring.

Unknown disse...

Lu sou eu?
será que eu podia viver sem um afilhado como tu?
poder, podia, mas não era a mesma coisa...He! He! He!